Há pouco mais de 10 anos, tratar diabetes significava apenas buscar de qualquer forma atingir as metas de glicemia e hemoglobina glicada que, automaticamente, estaríamos livres das complicações do diabetes.
Nada mais equivocado, por incrível que pareça. Estudos da época mostraram que, a partir de um certo ponto de controle glicêmico, as taxas de complicações e mortalidade não diminuíam mais. Pelo contrário, se fosse muito rigoroso poderíamos até colocar o paciente em risco.
O culpado eram as hipoglicemias que aconteciam com as drogas mais antigas, como as sulfoniluréias (ex: glibenclamida, glimepirida). Por conta disso, iniciou-se a busca por medicações mais seguras.
Surgiram, primeiramente, os Inibidores da DPP-4, como a Sitagliptina (Januvia), Vildagliptina (Galvus), Linagliptina (Trayenta), Saxagliptina (Onglyza) e Alogliptina (Nesina). Com mínimos efeitos colaterais, essas medicações fizeram sucesso, mas ainda não eram potentes o bastante em muitos casos e não conseguiram reverter as enormes taxas de complicações e mortes em decorrência do diabetes.
Então vieram duas classes de medicamentos que, aí sim, podemos considerar divisores de águas no tratamento do diabetes: os Inibidores da SGLT-2 e os Análogos do GLP-1.
A primeira atua de forma inovadora, auxiliando os rins a eliminarem glicose pela urina. Além de uma boa potência, mostrou significativa redução no risco de evolução para insuficiência renal e cardíaca. Destacamos nesse grupo a Dapagliflozina (Forxiga), Empagliflozina (Jardiance) e a Canagliflozina (Invokana).
Já os Análogos do GLP-1 são os “queridinhos” do momento, não apenas por serem eficazes no controle glicêmico e por reduzir o risco cardiovascular e renal, mas também por auxiliarem na perda de peso. Por aqui temos a Liraglutida (Victoza e Saxenda), Dulaglutida (Trayenta) e Semaglutida (Ozempic).
Infelizmente o maior empecilho para o maior uso desses últimos é o custo elevado. Esperamos que com o tempo se tornem mais acessíveis a todos os portadores de diabetes.