Tenho visto vários médicos e os próprios pacientes solicitando dosagem de cortisol sem terem uma noção para que serve esse exame e como deve ser colhido. Daí surgem resultados alterados que nem sempre significam doença e que só gera estresse.
Solicitamos o exame de cortisol para basicamente investigar duas situações clínicas:
– Falta de cortisol ou Insuficiência Adrenal: Dosamos o cortisol entre 7h e 9h da manhã em pacientes com suspeita dessa doença, cujos sintomas são: perda de peso, náuseas e vômitos, fraqueza, tontura, queda de pressão arterial, hipoglicemia, escurecimento de pele, entre outros. Em algumas situações inconclusivas realizamos teste de estímulo para induzir aumento de cortisol.
– Excesso de cortisol ou investigação para Síndrome de Cushing: Doença causada por tumores na hipófise, adrenal ou em outras partes do corpo e que aumentam o cortisol e levam ao ganho de peso abdominal, estrias violetas, vermelhidão na face, fraqueza muscular, diabetes e hipertensão de difícil controle, excesso de pelos em mulheres, entre outros.
No caso da Síndrome de Cushing o diagnóstico NÃO é feito pela simples dosagem do cortisol matinal e sim através do cortisol livre na saliva às 23 horas, na urina ao longo de 24h ou dosagem de cortisol no sangue após efeito da dexametasona (teste de supressão).
Exame de cortisol no sangue não deve ser pedido para:
– Ver os níveis de estresse ou se há “fadiga adrenal” – essa entidade simplesmente não existe!
– Mulheres em uso de anticoncepcional contendo estrogênio e gestantes. Ele virá aumentado em muitos casos e não significa doença.
– Não deve ser dosado fora do início da manhã pois poderá estar mais baixo que o valor de referência.
– Verifique se está usando medicamentos à base de cortisona. Nesses casos o cortisol no sangue poderá estar diminuído pois o remédio inibe sua produção.
E outras tantas situações que podem alterar os níveis de cortisol sem significar doença. Portanto, procure um endocrinologista se tem dúvidas a respeito desse exame.