Enfim, uma boa notícia na guerra contra o COVID-19. Recentemente um estudo britânico chamado Recovery (Randomised Evaluation of COVID-19 Therapy) que envolveu cerca de 11.500 pacientes, mostrou que o uso de dexametasona em pacientes graves que necessitaram de uso de oxigênio reduziu a mortalidade entre 20% a 35%, o que é um número considerado muito bom!
A dexametasona é um medicamento da classe dos corticosteroides, que atuam como potentes anti-inflamatórios utilizados em várias situações clínicas. No caso da infecção por COVID-19, ele reduz a resposta inflamatória exagerada do sistema imunológico contra o vírus, que é o que acaba por destruir o tecido pulmonar e leva a formação de coágulos e obstrução da passagem de sangue pelo órgão.
Essa é uma grande notícia, sem dúvida nenhuma, e ainda há a vantagem desse medicamento poder ser amplamente utilizado em UTIs, por ser barato e de fácil acesso.
Porém, antes que alguém pense em ir agora a uma drogaria para comprar dexametasona sem receita, insisto: não façam isso!!!
Como disse antes, esse medicamento só mostrou benefícios em pacientes críticos e cabe somente a equipe médica decidir qual paciente deverá tomar dexametasona. A automedicação pode trazer sérios riscos à saúde.
Em primeiro lugar, a dexametasona também é um imunossupressor e seu uso em quadros mais leves pode ter o efeito contrário, deixar o indivíduo mais vulnerável a quadros infecciosos mais graves. A ideia no seu uso é reduzir a reação inflamatória exagerada grave e não diminuir a imunidade por completo.
Além disso, os corticosteroides podem aumentar a glicemia nos diabéticos, piorar a hipertensão arterial e levar ao ganho de peso, que também são fatores de risco para agravamento da infecção por COVID-19.
Portanto, saber que temos um medicamento que pode nos salvar no limite entre a vida e a morte nos traz alívio, mas seu uso deve ser bastante criterioso, somente em pacientes internados graves e jamais em uso domiciliar, muito menos utilizado por conta própria.